Sentido
Tubos com um líquido alaranjado borbulham , uma máquina de registros de sinais vitais apita de maneira calma e fios conectados a um ovo roxo dentro de um recipiente mergulhado num líquido dourado.
Uma jovem sentada a olhar para ele com bastante cuidado e calma.
-Como está tudo a correr?
Pergunta uma mulher de bata até aos pés e cabelo amarrado num coque enquanto agarra na ficha em que a jovem escrevia.
-Os sinais vitais estão estáveis , ainda sem registos de vibrações ou vestígios de uma possível eclosão nos próximos tempos. -responde a rapariga
-Correto. Estás a fazer um excelente trabalho. Com a tua contribuição tenho a certeza que esta pequena vai nascer bem e saudável.
A jovem sorri e olha para o ovo.
-Ótimo.
Passado alguns minutos de observação e registos do ovo a mulher vira-se para a rapariga e diz:
-Muito bem. Está na hora.
A rapariga acena com a cabeça e elas saem desligando as luzes atrás de si.
O ovo estremece.
Com máquinas agarradas , fios entrando pela sua pele, enquanto pessoas observavam e registavam. Assim estava Cloe. Depois de uns minutos ela sai e vai ter com Camila e ambas dirigem-se para outro laboratório , analisando e fazendo experimentos durante uma hora.
-Cloe.
-Sim.
Cloe levanta-se e vão até uma sala com uma grande máquina no centro , onde Cloe coloca fios na sua cabeça enquanto Camila os conecta ao cérebro. Camila desliga a luz principal e fica apenas luzes azuis fluorescentes pela brecha da parede entre o teto , Cloe fecha os olhos , adormecendo.
No dia seguinte , Cloe está com Camila de volta àquele laboratório com fios a perfurar o seu braço enquanto um líquido passa por ele.
Um homem de bata entra sonolento.
-Bom dia , Cloe. Camila.
-Bom dia , Leo. -cumprimenta Camila sorrindo
-Ei , Cloe , vou alimentá-la , queres vir? -pergunta Leo sorridente
-Estamos a meio dos exames. -responde Camila
-Está bem então. Se quiserem vir venham. -diz Leo saindo da sala -Até logo , malta.
Leo sai ficando só Camila e Cloe sozinhas , em silêncio. Camila olha para Cloe.
-Queres ir vê-la?
-Temos de acabar os exames. -responde Cloe calmamente
-Acabamo-los e vamos. Pode ser?
Cloe surpreende-se e faz um pequeno sorriso.
-Sim.
-Ok. Mas primeiro vamos acabar isto.
-Sim.
Elas continuam os exames e passado um tempo vão ter com o Leo a uma sala repleta de outras pessoas nela.
-Decidiram vir ao que parece. -diz Leo com um sorriso sarcástico
-Sim , ela queria vê-la.
-Posso? -pergunta-lhes Cloe com um sorriso tímido
-Podes. -responde Camila
Cloe vai ter com uma grande criatura , parecido com um lagarto , mas muito maior , com penas e escamas com vários tons de roxo , azul e amarelo.
Aproxima-se da criatura com cuidado e tenta colocar-lhe a mão no focinho.
-Ela realmente preocupa-se. -diz Leo observando-as com um sorriso
-Sem dúvida… -responde Camila com um sorriso carinhoso mas com os olhos a tremer -Preocupa-se mesmo.
Leo olha para ela preocupado.
-Camila…? Está tudo bem?
-Sim. Tudo ótimo. -responde Camila recompondo-se
De repente ouvem-se gritos dos cientistas , a grande criatura a mexer-se incontrolavelmente e Cloe no chão a olhá-la assustada. Até que coloca as mãos na cabeça com dor , como se tivesse raios a atingir-lhe o cérebro. Encolhe-se e fecha os olhos com dor.
Leo corre para tentar controlar a criatura e Camila corre para socorrer Cloe.
Cloe continua a estremecer-se de dor e Camila pega nela no colo e leva-a para fora da sala. Cloe abre os olhos por uns segundos e apenas vê Leo a ser arremessado pela criatura para longe. Camila leva-a para uma sala e senta-a numa cadeira. Cloe continua com as mãos na cabeça a tentar suportar a dor.
-Calma , calma. Está tudo bem , querida , está tudo bem não se passa nada. -diz Camila tentando acalmá-la
A respiração de Cloe começa a acelerar como o seu coração. Camila assustado apenas coloca as mãos nas bochechas de Cloe e olha para ela com um sorriso nervoso.
-Está tudo bem , respira.
A sua cabeça começa com cada vez mais dor , os seus neurónios a serem atingidos por uma tempestade de raios , Camila fecha os seus olhos com dor e uma lágrima escorre pela sua bochecha.
Tudo pára e Cloe treme ainda assustada. Camila olha para ela com os olhos em lágrimas.
-Cloe… Estás bem?...
Cloe não responde por uns momentos e acena com a cabeça de forma afirmativa.
-Que bom… -responde dando festas na sua cabeça -Ainda sentes alguma dor?
Abana a cabeça.
-Tens a certeza? Não queres fazer uma revisão primeiro?
Acena com a cabeça.
-Ok. Vamos lá.
Elas fazem os exames calmamente. Cloe sentada num banco com aparelhos ligados à sua cabeça , não consegue tirar da cabeça o momento da criatura a atirar ao chão , de Leo a ser arremessado e das dores que sentiu. Enquanto isso Camila analisa os nervos do cérebro de Cloe.
-Tenho boas notícias. -diz enquanto se senta do seu lado -Não tens absolutamente nenhum dano. Deve ter sido apenas o choque. Podes relaxar , não se passa nada agora.
Camila sorri calmamente e Cloe apenas fica em silêncio por uns segundos.
-Claro. Agradeço , Camila.
-De nada. Estarei sempre aqui para ti. -agarra na sua mão -Eu prometo.
-Obrigada.
De noite Cloe coloca-se novamente no centro do aparelho agarrada por fios conectados ao seu cérebro. Camila olha para ela com preocupação.
-Boa noite , Cloe. -diz com hesitação
-Boa noite. -responde com os olhos fechados
Camila sai , passado uns minutos Cloe começa a mexer-se novamente , o seu cérebro começa a ser “atacado” por raios até que uma forte onda de gravidade a atinge. Ela abre os olhos e Camila aparece ligando as luzes preocupada.
-Está tudo bem?
Cloe com respiração pesada responde afirmativamente.
-Ok. Qualquer problema é só chamar.
-Sim.
Camila sai e volta a desligar as luzes. Saindo da sala vai ter com Leo , que está ferido sentado numa cama a ser analisado.
-Saiam. -diz Camila
Todos na sala saem sem hesitar ficando apenas Camila e Leo.
Ela senta-se perto dele e olha preocupada.
-Estás bem?
-Eu estou ótimo , não te tens de preocupar. -responde Leo sorrindo -Mas e a Cloe como está?
Camila congela e coloca a mão no seu próprio ombro.
-Ela está bem? -repete Leo -Aquilo deve ter sido um grande choque para ela. É tão estranho… Porque ela fez aquilo á Cloe? Normalmente é tão calma. Isto não é normal.
Camila não responde e Leo continua.
-Passa-se alguma coisa , Camila , algo mau.
-A Cloe teve apenas um susto , nada de mais.
-Aquilo não foi só do susto e tu sabes. Aquilo foi algo maior. Muito maior.
Camila aproxima-se rapidamente de Leo com uma cara séria.
-Aquilo foi apenas do susto. Ouviste , Leo? Apenas_do_susto.
Camila levanta-se.
-E vais manter essa história.
Leo assustado apenas diz hesitante.
-Então e ela? C-como explicas isso. Não foi do susto , uma criatura daquele tamanho não se assustaria com uma rapariguinha.
Camila olha-o de canto e desvia o olhar.
-Está tudo bem.
-Como assim está tudo bem?! Tu sabes melhor que ninguém que não está tudo bem! Mas queres enganar não só à Cloe , nem a mim , nem a todos aqui , mas sim a ti mesma , como fazes sempre. Só admite uma vez que não está tudo bem. Só desta vez sê sincera contigo mesma. E não te tentes iludir.
Camila fica em silêncio por uns segundos na porta da sala.
-Quem me dera conseguir fazê-lo. Mas não consigo.
-Então porque é que não ages?...
-Eu tenho assuntos muito mais importantes que esses. Assuntos que dependem de mim.
-Como a Cloe…?
Um silêncio se segue.
-Se queres investigar isto estás á vontade , mas só não a envolvas.
-Claro. -responde Leo hesitante
-As melhoras , Leo. E boa sorte.
-Obrigada , Camila. -agradece engolindo um seco
Camila sai deixando Leo sozinho.
“O que é que eu faço?...” Pergunta-se Leo.
As pessoas voltam a entrar na sala.
-Está tudo bem , Doutor? -pergunta uma das mulheres.
-Sim. Tudo ótimo. -responde sorridente
-Ok. Então vamos continuar. -diz a mulher voltando ao trabalho com os seus colegas
-Não vai ser necessário. Sinto-me totalmente recuperado e sem dor nenhuma. -responde colocando a sua bata -Obrigada por isto , malta.
-Mas , Doutor…! -chama um dos homens
-Está tudo bem. Agradeço a preocupação.
Leo sai deixando-os sozinho sem saber o que fazer. Leo anda pelo corredor com as paredes do lado direito transparentes. Uma bela vista , com árvores cor de laranja , um céu roxo e uma lua azul. Era aquilo que se via. Leo coloca uma das mãos no vidro e começa a ver algo a quilómetros de distância aperta-o e começa a correr até uma grande sala , começa a ligar uma grande mesa onde sobre ela aparece um mapa holográfico daquele planeta. Analisa cada canto do planeta. Passado uma hora , espantado com o que vê paralisa e afasta-se do mapa.
-Não acredito nisto…
Sai da sala a correr até à criatura. Onde ela não pára quieta mexendo-se rapidamente tentando-se soltar e sair daquele lugar. Vai ver o ovo e ele brilha e estremece não deixando nenhuma rachadura
Leo assustado , congela. Não sabe o que fazer nem dizer. Ele está apenas…assustado.
Camila entra no seu quarto e avança para o grande vidro. Vê uma foto sua com Cloe e Leo na sua mesa de cabeceira. Pega nela e sorri com ternura. Pousando-a novamente olha pelo vidro com as mãos atrás das costas. Cascatas de água viam-se ao longe a escorrerem por grandes montanhas.
Cloe com os seus olhos fechados , dorme tranquilamente.
No dia seguinte Cloe e Camila estão a fazer exames até que Leo aparece á pressa na sala. Elas olham para ele espantadas.
-Bom dia , Leo. -responde Camila -Estás bem? Dormiste alguma coisa?
-Sim , claro. Tudo bem. -responde recompondo-se
-Ótimo. Temos de estar sempre em plena forma. Certo , Cloe?
Cloe acena com a cabeça assertivamente em forma de resposta.
-Está bem. É melhor despacharem-se, as análises não se vão fazer sozinhas. -alerta Leo
-Sim , não te preocupes , nós nunca nos atrasamos. -responde Camila concentrada em painéis holográficos ao seu lado.
-Tudo bem. Até logo Camila. Tchau Cloe.
Cloe sorri e Leo sai. Cloe volta a olhar para Camila extremamente concentrada.
-Estamos quase. -afirma Camila
Elas vão para o laboratório , onde está Leo e mais uma equipa de pessoas a observar o ovo e a escrever em computadores e fichas. Camila vai até Leo e inclina-se sobre a mesa à volta do ovo enquanto Cloe se coloca ao seu lado.
-Então como está a correr tudo? -pergunta Camila enquanto olha para o ovo
-Bom… Na verdade…
-Doutora! Doutora! -chama uma mulher ao longe
Ela corre até Camila com uma ficha na mão afastando Cloe.
-Passa-se alguma coisa? -pergunta Camila
-É uma emergência Doutora. Veja. -diz a mulher entregando a ficha
Camila pega nela e começa a lê-la.
-Camila eu preciso mesmo de falar contigo. É urgente. -diz Leo aproximando-se de Camila
Camila coloca a sua mão na frente de sua cara impedindo-o de falar.
-Espera , Leo.
Ela lê e agarra com força a ficha.
Enquanto isso, o ovo volta a estremecer e todos observam assustados.
-Os níveis de agitação aumentaram desde ontem à noite. Não sabemos o que pode ser. É algo sobrenatural. -explica a cientista
Cloe fica petrificada a olhar para o ovo.
Camila sai num passo rápido , Leo tenta segui-la e Cloe vai atrás dele.
-Cloe , ouve. Desculpa , mas vais ter de ficar aqui. Está bem? Eu e a Camila tratamos de tudo. E tu ficas aqui a cuidar do ovo.
-Está bem , Leo.
Leo sai e segue Camila por um grande corredor.
-Camila? O que se passa? -pergunta Leo aproximado-se dela
-O ovo não devia estar assim. Ele só deve eclodir daqui a semanas. Mas porque é que está a agir daquela maneira e porque é que não tem rachaduras. -pergunta-se
-Camila , ouve. É disso mesmo que eu quero falar. Ontem á noite vi alguma coisa a Este. Fumo. Então fui analisar o mapa e as minhas suspeitas estavam corretas. -faz uma curta pausa -Estão a acontecer vibrações que estão a abrir o solo , mas piora.
Eles chegam até a uma sala e Leo liga o mapa.
-Vês? Rachaduras a Este , Oeste , Norte e Sul. -explica mostrando todas a direções -E depois no centro de tudo. -diminui o mapa revelando a estação científica rodeada de rachaduras apontando para eles -Nós.
Camila olha para o mapa a tremer.
-Temos de evacuar. Temos de sair daqui o mais rapidamente possível. Se ficarmos aqui vamos ser engolidos pelo planeta. Ninguém vai sobreviver!
Enquanto Leo fala Camila fecha o punho e olha para ele com um ar sério.
-Não vamos evacuar.
-Mas que… Tu estás doida?! Temos de evacuar!
-Se o fizermos não teremos como levar os aparelhos da Cloe.
-É isso que tu estás preocupada?!! Então e todas as outras vidas que cá temos?!
-A única vida que me interessa é a dela. E eu não a vou deixar morrer. -responde friamente
-Ela é muito mais forte do que tu fazes parecer.
-Então estás a sugerir que saiamos daqui sem os seus equipamentos correndo o risco que ela morra?...
-Não é isso que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que temos de sair daqui , com ou sem equipamentos se ela ficar , morre de qualquer maneira! Mas talvez se sairmos todos com ela existam mais probabilidades de sobrevivência! Não só para nós , mas principalmente para ela. Tu sabes que é a melhor coisa a fazer.
-Eu é que sei o que é e deixa de ser bom para ela. Não saímos daqui.
-Então vais deixar-nos morrer?... -pergunta Leo com os dentes cerrados
-A estação é forte , forte o suficiente para aguentar isto.
-Tens de parar de pensar que consegues desafiar a natureza. Sabes que ela é muita mais poderosa que qualquer outra força existente. E tu não consegues desafiá-la.
-Não me venhas com essa conversa de forças da natureza outra vez. -responde Camila agitando a mão para cima e para baixo
-Não é conversa nenhuma! É a verdade! Nós não a conseguimos desafiar! Seria suicídio! E eu não vou deixar que nos mates a todos. -diz enquanto avança até à porta
Camila corre assustada e coloca-se na frente dele.
-Leo , não faças isso por favor!
-Fazer o quê? Ser honesto e contar a todos o que realmente se passa aqui? Algo que deverias ter feito há muito tempo?
-Por favor , não o faças. Eles não vão aguentar!
-Eles? Ou ela? Ou será que és apenas tu que não aguentas a verdade?
Leo tenta contorná-la e abrir a porta , mas Camila segura-a.
-NÃO O FAÇAS! -Implora Camila -Por favor… Não o faças. Não a tires de mim… Por favor , Leo… Imploro-te. Não o faças -olha para ele com lágrimas nos olhos
-Camila…
Leo abraça-a.
-Por favor… não a tires. -pede enquanto chora no seu ombro sem o abraçar de volta
-Tu sabes que é aquilo que tem de ser feito. Ela merece saber tudo. Toda a verdade.
-Pelo menos…deixa-me ser eu.
-Está bem… -responde hesitante -Se é isso que é preciso para isto se resolver finalmente. Tudo bem.
-Obrigada , Leo.
-De nada. -diz enquanto a abraça
Eles voltam normalmente para a sala onde todos se encontram mais calmos.
Cloe está no centro da sala a olhar para o ovo com receio.
Camila vai ter com ela.
-Cloe , queres ir verificar se está tudo bem? Podes ter tido algum ataque cerebral outra vez. E se sim é melhor verificar se está tudo certo.
-Sim…pode ser.
-Ok. Então vamos lá. -diz enquanto a guia para fora da sala
Olhando de canto , Camila vê Leo a olhar para ela com ar de incentivo.
Chegando à sala de exames Cloe está sentada enquanto Camila a examina normalmente.
-O ovo… Porque é que ele se estava a mexer assim?... Ele não devia eclodir só daqui a umas semanas?... -pergunta Cloe preocupada
-Bem… Sim , mas… -Camila faz uma curta pausa antes de continuar lembrando-se das palavras de Leo -Deve ter sido apenas uma retração. Acontece muitas vezes a crias antes de nascer. Não te tens de preocupar. -sorri calorosamente
-Ok. Mas e se estiver alguma coisa errada com a cria?
-Se acontecer alguma coisa eu conto-te. Não te preocupes.
-Mas e a progenitora? O que lhe aconteceu ontem? E o que se passava com o Leo?
-A mãe apenas teve o sentido de proteção ativado , as fêmeas normalmente ficam mais protetoras quando são mães e deve-te ter visto como uma ameaça e o Leo estava apenas preocupado com isso.
-Tens a certeza?...
Camila pára em silêncio.
-Camila… Tens a cer…
-Sim. Absoluta. Só confia em mim.
-... Está bem. -responde vagamente perdida na sua cabeça inundada de pensamentos
Camila olha para Cloe preocupada e abaixa-se.
-Cloe , ouve-me. Eu nunca na minha vida te esconderia algo. És a pessoa em quem mais confio neste lugar. Nunca te esconderei nada , eu prometo.
-Também és a pessoa em quem eu mais confio.
-Nada de segredos? -diz Camila dando-lhe a ponta do mindinho direito
-Sim. -aperta com o outro mindinho -Nada de segredos.
-Certo.
Camila solta o mindinho e levanta-se.
-Vamos continuar?
-Sim. -responde Cloe com um pequeno sorriso
Elas continuam os exames até que Leo aparece passado um tempo.
-Tudo bem , Leo? -pergunta Camila sorrindo
-Olá , Leo.
-Olá , meninas. Então tudo bem por aqui?
-Sim , tudo bem.
Camila e Cloe sorriem uma para outra. Leo fica feliz em vê-las assim , mas logo depois começa a desconfiar.
-Mas então o que te traz aqui?
-Era só para ver como estavam. E para dizer que o ovo e a mãe estão mais estáveis.
-Isso é muito bom de se ouvir. Certo , Cloe?
Cloe acena com a cabeça com um pequeno sorriso.
Leo fica feliz em vê-las assim , mas logo depois começa a desconfiar.
-Camila… Podemos falar?
-Sim , claro. Mas deixa-nos só acabar aqui. Daqui a bocado a Cloe também tem de recarregar energias. Depois disso falamos , Leo.
-Está bem. Até amanhã , Cloe
-Até amanhã.
Leo sai e passado um tempo Cloe volta àquela máquina enquanto Camila conecta novamente os fios.
-Até amanhã , Cloe.
-Até amanhã.
Camila sorri e desliga a luz principal ficando apenas as luzes azuis fluorescente ligadas.
Ao sair da sala Camila dá de caras com Leo.
-Não lhe contaste , pois não? -pergunta Leo como se já soubesse a resposta
-Não sei do que falas. -responde saindo de perto dele
Leo segue-a furioso.
-Não te faças de desentendido! Sabes perfeitamente do que estou falar. Disseste-me que lhe ías contar. É impressionante como que nunca posso confiar na tua palavra.
-Eu apenas faço o que acho melhor para ela.
-O que é melhor para ti , devo-te corrigir. -fala para si mesmo
Camila olha-o de canto.
-Só eu sei o que é melhor para ela. Tu não sabes nada.
-Para ti ninguém sabe nada.
-Porque ninguém sabe o que eu sei! Ninguém sabe o que eu vi! Ninguém sabe aquilo que eu tenho de segurar.
-Eu bem que te queria ajudar , mas para isso tens de me ouvir!
-Eu é que tenho de cuidar disto tudo. Por ela…
-Camila , todos nós trabalhamos para que tudo funcione. E todos temos saudades dela. Todos os dias. Ela ensinou-me tudo o que sei e ensinou-te a ti também , ensinou a todos nós. E todos te podemos ajudar se nos deixares.
-Eu… Trato de tudo. Não se têm de preocupar com isso. -responde enquanto se vai embora
Leo fica parado no meio do corredor olhando pelo vidro. As estrelas brilhavam no céu arroxeado , uns tons mais claros outros mais escuros. Os céus que iriam tapar tudo aquilo onde eles estavam. Afinal preferem olhar para esse céu estrelado ou para uma estação de metal gigante?
Camila entra numa sala escura , materiais e fotografias empoeiradas , como se lá não entrasse ninguém á anos. Camila avança até uma mesa com um grande ecrã e senta-se. Respira fundo e toca num botão.
Passado uns minutos coloca uma cacéte numa caixa de metal com muitas outras. Encosta-se á cadeira e observa tudo á sua volta. Levanta-se e começa a andar pela sala passando a mão nas bancas e objetos com pó.
Começa a relembrar-se de todos os momentos que lá passou.
Uma adolescente prodígio a fazer análises e a mostrar a todos as suas conclusões enquanto a aplaudiam. Dois adolescentes a se divertir rodiados de líquidos científicos.
Camila sorria ao seu relembrar de tudo aquilo até que pára na frente de uma foto e se lembra. Dois jovens , um rapaz e uma rapariga , a colocarem-se ao lado de uma mulher que lhes colocava as mãos nos ombros , rodeados de vários cientistas. A rapariga a sorrir calmamente e o rapaz com um sorriso alegre.
Camila , com a foto nas mãos abaixa a cabeça enquanto lágrimas caem no chão.
De repente grandes tremores começam , tudo naquela sala começa a cair e partir em cacos , ao ver isso Camila corre , largando a foto no chão partindo-se. Olha em volta e vê as pessoas a correr de um lado para o outro. Camila corre até à sala onde estava Cloe.
Mas os tremores estavam cada vez mais fortes fazendo o caminho na sua frente se partisse e caísse a metros de distância do chão. Camila pára e procura um
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