Diário de Grace parte.6

Não sei explicar o dia de hoje. Foi complicado ,mas descobri coisas.

Afastei-me bastante da Melissa , não temos falado ,nem passado tempo juntas. Parece mau ,mas foi bom. Eu preciso de um tempo sozinha e a Melissa respeitou isso. Costumo aproveitar os momentos em que as casa de banho estão sem ninguém ,mas hoje , saí da aula para ir lá e deparei-me com uma rapariga a hiperventilar. Não sabia o que fazer e ela também não parecia ter reparado em mim a entrar. Não podia fazer muita coisa naquela situação ,apenas lhe entreguei papel higiénico para se limpar. Ela acalmou-se ,mas o choro continuou.

-Posso fazer alguma coisa?

Ela abanou com a cabeça e eu fui para outra casa de banho. Do lado de fora ,apenas ouvi um suspirar entre soluços. Quando voltei para a aula ,sentei-me no meu lugar e olhei em volta. Um aluno estava a tremer com a perna ,outro a olhar em volta repetidamente ,uma a bater com os dedos na mesa e eu... A arranhar o meu próprio braço. 

Quando voltei para o meu dormitório ,sentei-me na cama e agarrei a manga do casaco. Sempre tive o hábito de arranhar a minha pele ,quando era mais pequena ,era porque queria tirá-la ,porque me estava a sofucar ,mas agora. Não sei porque é que o que estava a fazer.  Lembrei-me quando era mais pequena, em que estava sozinha no meu quarto ,estava deitada na cama ,encolhida ,com as unhas a cravarem-me nos braços e no tronco. Sentia como se algo me apertasse , coçava a minha garganta ,queria libertar o ar preso ,a minha pele estava a arder , doía bastante ,mas eu continuava. 

E agora , não sei porque o voltei a fazer. Não senti nada daquilo. Não me doía ao coçar ,mas a minha pele estava ligeiramente vermelha. Era fácil destinguir se eu tinha tido qualquer interferência na pele ,sou bastante clara , então ao reparar no tom mais avermelhado ,sabia do que era. 

Quando parei de tocar no meu braço ,senti o calor na pele ,a sensação da camisa a roçar-se no meu antebraço e quanto isso ardia. Doeu. Mas não tanto ,como já magoou.